Wild Robot é um filme perfeito. Tudo nesse filme ou beira a perfeição ou é perfeito. Seus pontos mais fortes, e olha que ele tem muitos, são a trilha sonora, fotografia, roteiro e design (no geral). Sem palavras. A verdadeira DreamWorks voltou. Wild Robot trata de temas como maternidade, adoção e amor da forma mais linda e emocionante. Esse filme nos mostra que não é necessário inventar uma ideia super diferente e mirabolante para transmitir uma mensagem. Ele aborda assuntos já explorados em outras animações (não de maneira idêntica, mas semelhante), como Next Gen e Bao (o curta), entre outros.Uma junção de várias animações, juntando tudo em um só, para assim criar essa maravilha. E volto a dizer, consegue se destacar pela perfeição em fotografia, roteiro, trilha sonora e design de animação.
Começando pela fotografia. Se você pausar o filme em qualquer momento vira um wallpaper. Todas as cenas são lindíssimas e possuem uma composição e enquadramento perfeitos. Surreal de bonito
Por parte do roteiro nem há o que reclamar. Trama, desenvolvimento das personagens, narrativa, tudo é do mais alto nível. Curto porém completo e profundo. Tudo se desenvolve na medida necessária para a história andar, sem exageros. A história entendeu o’que ela precisa passar e o’que ela é, e entrega o’que se propôs a fazer. Falas, mensagens e personagens com profundidade.
É evidente a evolução de Roz no filme, até a dublagem foi calculada. No início é nos apresentado apenas uma robô, mas no final quem está ali, como Roz, não é a mesma do começo. O desenvolvimento da personagem é muito bem planejado e evidenciado aos espectadores. Nos colocamos no lugar de Roz e evoluímos, em nosso pensamento e reflexão, junto a ela. Não sei descrever essa sensação, é surreal como é bem desenvolvido a trama e a narrativa, as personagens e o cenários (até ele cresce com a história).
Outro ponto relevante é a mensagem de empatia com as mães. Em diversas situações, Roz se mostra insegura em suas decisões, pois, como o filme mesmo afirma: “Ninguém nasce sabendo cuidar de um filho.” A narrativa acompanha maravilhosamente esse desenvolvimento materno. Mostra-se a curva de aprendizado simultânea entre mãe e filho: um nasce sem conhecer o mundo, enquanto o outro não sabe exatamente como ensinar.
A empatia que Roz e Astuto demonstram por Bico Vivo é mais genuína do que qualquer outra já apresentada pela DreamWorks. A forma como a “adoção” do pequeno Gancho é desenvolvida é perfeita. O filme mostra, com delicadeza, a busca de Bico Vivo por saber sobre a verdade sobre sua verdadeira família, enquanto Roz carrega o peso de ocultar a verdade por medo de ferir aquele que a fez evoluir de uma robô com um único objetivo para uma robô com um propósito. Isso reflete o fardo e a dor que muitas mães carregam para proteger os filhos de sofrimentos que poderiam enfrentá-los antes do tempo certo.
Chris Sanders entende que a trilha sonora é a perna da história, deve andar junto com o roteiro e sustentar o emocional. Não é surpresa que Sanders entregue um filme com esse nível de trilha. Ele já havia demonstrado que se preocupava com isso e que sabia criar o emocional da cena. Creio que ele escolheu a dedo o Kris Bowers , para fazer essa trilha. Um dos poucos filmes no qual me fizeram ficar arrepiado diversas vezes. A trilha te abraça e coloca você em um estado emocional absurdo, sentindo cada parte da cena, cada camada, tudo que o Sanders se propôs a passar.
A DreamWorks sempre se destacou por trilhas sonoras emocionantes que criam a atmosfera perfeita para seus filmes. Em Wild Robot, essa tradição se mantém. Kris Bowers e Maren Morris formam uma dupla incrível, nas músicas cantadas. Kiss the Sky é simplesmente sensacional, capturando perfeitamente o sentimento de crescimento pessoal e felicidade que a cena exige, mas nos fazendo sentir um buraco no coração, referente a perda futura de bico-vivo (na migração), que sabemos que irá acontecer.
A direção é autoral em um certo nível. Quando esse homem coloca a mão no design da animação, tudo fica incrível. É um diretor que sabe a importância do design, sempre entregando um visual único aos seus filmes. Chris apela ao emocional, te conduzindo pela história com a trilha sonora e deixando todos arrepiados. Impossível não lembrar da cena do primeiro voo de Banguela com o Soluço em Como Treinar o seu Dragão. Essa cena possui tudo que Sanders faz em robô selvagem. Um momento épico, apelativo (emocionalmente), com uma trilha absurda, em um ponto perfeito da história. A visão que ele tem para animações é diferente.
O design é excepcional. Usa e abusa do estilo de Spider Verse e Arcane, apresentando o estilo de animação mais bonito da atualidade. Esse estilo de concept art vivo, com traços do pincel aparentes. Gato de Botas 2 usou desse estilo também e a DreamWorks aprendeu que devemos ter mais filmes nesse estilo.
Não tenho palavras para esse filme. O’que ele promete, ele entrega. Se você acha que é muito maduro para assistir esses filmes ou que não vai deixar a história te levar, você está muito errado. A melhor coisa que você pode fazer é se entregar a essa experiência cinematográfica ABSURDA.
Robô selvagem entrega a perfeição em forma de animação e merece todos os prêmios possíveis. Certamente a segunda melhor animação da Dreamworks (se não a melhor) e uma das melhores animações de todos os tempos. Refletindo sobre maternidade, adoção e amor, Roz mostra que ninguém nasce sabendo cuidar de outro ser vivo, mas aprendemos, usando nosso coração. Aprendendo ao mesmo tempo que ensina, isso é ser uma mãe. Amando o filho acima de tudo, isso é ser uma mãe. Deixando seus desejos para cumprir sonhos de seus filhos, isso é ser uma mãe. Cuidar e amar como se fosse a última coisa na terra, isso é ser uma mãe. Mãe é a personificação do amor e esse filme nos faz refletir sobre que tipo de filho somos para a pessoa que nos trouxe ao mundo.
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